
O teu corpo desintoxica-se diariamente enquanto estiver em bom estado de saúde. No entanto, por vezes surgem problemas e entram no corpo mais toxinas do que as que consegue eliminar. As toxinas podem provir de, e ser agravadas por, resíduos celulares, poluição ambiental, desequilíbrios no sistema digestivo, stress, má alimentação, doenças, medicamentos prescritos, tabagismo, consumo excessivo de álcool, drogas, privação de sono, incapacidade de suar, entre outros fatores.
Diversos programas de desintoxicação, com melhores ou piores resultados
Existem inúmeros programas de desintoxicação; alguns apresentam imagens ou relatam a eliminação de grandes massas de toxinas e muco após duas semanas de jejum de sumos, tratamentos à base de areia vulcânica e outros métodos de desintoxicação. No entanto, raramente as autópsias revelam acumulações de toxinas no cólon de uma pessoa. Os programas de desintoxicação podem ser úteis, mas também podem sobrecarregar o corpo se realizados de forma inadequada e sem conhecimento dos sistemas naturais de desintoxicação do organismo. A revista médica The Lancet (Sies CW, Brooker J. Could these be gallstones? Letter The Lancet 365:1388, 2005) publicou um artigo que descreve como as pedras biliares associadas à limpeza do fígado com azeite de oliva são, na verdade, sabão saponificado. Isso não é surpreendente, pois o sabão é essencialmente um sal alcalino formado por um ácido graxo e uma base.
Um exemplo de uma cura de desintoxicação popular no passado foi o uso de areia vulcânica, que acabou por conter grandes quantidades de metais pesados perigosos. Existem muitas curas que não são o que afirmam ser. É fundamental entender como o corpo lida com as toxinas para selecionar os métodos mais eficazes. O corpo tem quatro sistemas principais para eliminar toxinas, que funcionam em conjunto. Se um desses sistemas não funciona corretamente, afetará os outros.
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Eliminação de resíduos celulares, especialmente ácido láctico
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Processamento de resíduos maiores através do sistema linfático
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Eliminação de toxinas pelo fígado
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Excreção de resíduos pelo trato gastrointestinal e pela pele
Ácido láctico/resíduos inflamatórios celulares
Quando as células estão a funcionar bem, produzem poucos resíduos. No entanto, quando a função celular é comprometida, podem formar-se ácido láctico e outros subprodutos inflamatórios. Isso diminui o pH ao redor das células, prejudicando a circulação. Como o corpo humano adulto contém cerca de 100 trilhões de células, é crucial que elas funcionem adequadamente para evitar a acumulação significativa de resíduos. O ponto de partida em qualquer desintoxicação é minimizar a produção de resíduos nocivos pelas células.
Durante o esforço físico, forma-se ácido láctico (note-se que o exercício é benéfico para a saúde) e, quando o corpo atinge o seu limite, pode ser devido a um excesso de ácido láctico, que é o subproduto que impede o corpo de continuar. No entanto, o ponto de exaustão varia. Uma pessoa com dor musculoesquelética crónica pode ter níveis basais tão elevados de ácido láctico que considera uma corrida de 100 metros tão desgastante quanto uma maratona, enquanto uma pessoa saudável não atinge esses níveis durante o mesmo esforço.
É possível também que o metabolismo celular esteja comprometido sem dor muscular; ou seja, resíduos prejudiciais podem formar-se apenas porque o metabolismo celular não funciona de forma ideal, mesmo sem exercício intenso. O que fazer, então? É importante evitar deficiências de vitaminas e minerais para garantir que as células recebam os nutrientes de que necessitam. Um bom suplemento multivitamínico e mineral pode ser um excelente ponto de partida. Além disso, pode ser necessário suplementar com magnésio e coenzima Q10 (CoQ10). O magnésio é um mineral essencial para a produção de energia celular e síntese de proteínas. A CoQ10 é encontrada em praticamente todas as membranas celulares e ajuda a ativar enzimas importantes e a produzir energia a partir de nutrientes. Também atua como um antioxidante.
A importância do sistema linfático na desintoxicação
O sistema linfático transporta resíduos das células. Como não possui uma bomba própria, como o coração, depende de movimento físico e respiração profunda para ser ativado. Por isso, o exercício diário é essencial. Quando o sistema linfático não funciona corretamente, tenta encontrar vias alternativas para eliminar resíduos, muitas vezes através da produção de muco. O excesso de muco de manhã ou após refeições pode indicar problemas de toxinas no sistema linfático. Outro sinal de sobrecarga linfática pode ser o transporte de toxinas para a pele, causando acne e ressecamento.
Existem dois grandes ductos linfáticos nas costas, ao nível dos ombros. Pressão, rigidez ou dor nessa região podem indicar sobrecarga de resíduos no sistema linfático. Se o sistema linfático estiver sobrecarregado, o ácido láctico e outros subprodutos inflamatórios podem acumular-se, causando dores e outros sintomas.
Manter o sistema linfático saudável exige movimento regular, boa alimentação e atenção aos sinais de sobrecarga. A estagnação é o maior inimigo do sistema linfático. Por isso, atividades físicas consistentes e hábitos saudáveis são fundamentais para garantir o bom funcionamento deste sistema essencial ao organismo.
O fígado
Quando inalas ou ingeres algo tóxico, a substância é transportada para o fígado. Se o fígado está a funcionar corretamente, mantém o sangue limpo de toxinas e resíduos. Contudo, se está sobrecarregado devido a exposição excessiva a toxinas, doenças ou outros fatores, os níveis de toxinas no sangue aumentam, sobrecarregando todos os órgãos, incluindo a pele. Se isso persistir, pode levar a uma sobrecarga dos gânglios linfáticos. O fígado e o sangue simplesmente não conseguem lidar com mais toxinas, pois o fígado já não tem capacidade para as neutralizar.
Problemas hepáticos típicos incluem dores de cabeça relacionadas com stress, pele seca, náuseas, olheiras ou bolsas sob os olhos e retenção de líquidos sob a pele. O fígado utiliza várias enzimas para neutralizar toxinas, um processo frequentemente dividido em Fase 1 e Fase 2 de desintoxicação. A Fase 1 depende de enzimas chamadas citocromo P450, que necessitam de antioxidantes para funcionar. Cada toxina processada consome antioxidantes. Estas enzimas ou desativam diretamente a toxina ou a modificam para que seja eliminada na Fase 2 através da bile ou urina, num processo chamado conjugação. Este sistema requer energia (ATP) para funcionar corretamente.
Suplementos que ajudam na desintoxicação do fígado incluem ervas como cardo-mariano e dente-de-leão. Ácido alfa-lipóico é um antioxidante eficaz na desintoxicação hepática, promovendo a produção de glutationa, um antioxidante potente necessário para a desintoxicação do fígado. Além disso, calcium D-glucarate pode apoiar a capacidade do fígado em eliminar toxinas.
Trato gastrointestinal e pele
O fígado elimina toxinas através da bílis, que as transporta para o trato gastrointestinal. Algumas toxinas solúveis em água são eliminadas pela urina, mas muitas toxinas ambientais são lipossolúveis e podem interferir nos hormônios e no metabolismo. Como as toxinas passam pelo intestino, a prisão de ventre não é desejável. Fibras de frutas e cenouras ajudam a prevenir a prisão de ventre e a transportar as toxinas para fora do corpo. É preferível obter fibras de frutas e cenouras em vez de grãos, pois estes contêm ácido fítico, que interfere na absorção de minerais essenciais.
Uma flora intestinal desequilibrada, com excesso de bactérias nocivas ou Candida, pode produzir resíduos tóxicos que retornam à circulação em vez de serem eliminados pelas fezes. Suplementos probióticos, como probioticos, podem ajudar a equilibrar a flora intestinal.
A pele é um dos sistemas de eliminação mais importantes do corpo e funciona como um filtro secundário para remover toxinas e resíduos que outros sistemas não conseguiram processar. Através da transpiração, toxinas são eliminadas, aliviando a carga do fígado e dos intestinos. Manter a pele saudável é, portanto, crucial para apoiar os processos naturais de desintoxicação do corpo. Uma dieta equilibrada, rica em nutrientes e antioxidantes, fortalece a pele e facilita o processo de eliminação. Evitar produtos químicos tóxicos em cosméticos e outras fontes é igualmente importante para reduzir a carga tóxica geral.
Desintoxicação – Reduzir toxinas
A desintoxicação é um tema abrangente e envolve diversas considerações. O ponto de partida é evitar a entrada de mais toxinas no corpo, consumir alimentos saudáveis e orgânicos e ajudar o corpo a eliminar toxinas de forma suave e lógica. Métodos de desintoxicação drásticos e de curto prazo podem eliminar algumas toxinas, mas também podem prejudicar funções naturais de desintoxicação. Muitos produtos comercializados como "detox" contêm apenas uma fração de ervas desintoxicantes, sendo o restante constituído por água, frutose ou outros adoçantes.
Para uma desintoxicação eficaz e sustentável, é necessário adotar hábitos alimentares e de vida saudáveis, incluindo o consumo de carne e órgãos de animais criados a pasto, peixe orgânico, ovos, frutas e bagas orgânicas, além de suplementos como probióticos, multivitaminas, omega-3 de alta qualidade e calcium D-glucarate. Além disso, exercícios regulares, transpiração saudável e bons hábitos de sono e gestão de stress são fundamentais para apoiar a desintoxicação natural do corpo.
Como desintoxicar o sistema linfático?
Para desintoxicar o sistema linfático, recomenda-se atividade física regular e uma dieta saudável rica em vegetais e frutas. Outros métodos incluem beber bastante água e evitar alimentos processados. Estes hábitos ajudam a manter o sistema linfático em bom funcionamento, promovendo a eliminação eficiente de toxinas.
Produtos para desintoxicação e eliminação de toxinas
Autor e Revisor
Referências científicas e fontes
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